O jogo de ontem entre o Barça e o Inter foi precedido de uma carga emotiva enorme, por parte dos catalães. Durante toda a semana não se falou noutra coisa (alguns nem devem ter reparado que houve um jogo para o campeonato no fim-de-semana).
O que aconteceu foi algo sem precedentes no clube catalão, segundo dizem. A imprensa catalã passou a semana toda a falar no Olegário, no Mourinho, no Figo e também a lembrar de outras "remontadas" que o clube tinha conseguido, depois de ter perdido na 1ª mão por mais de um golo (contra o Chelsea, Gotemburgo, Dinamo Kiev, por exemplo). Os próprios jogadores não se coibiram de pedir o apoio do público, tradicionalmente frio e um pouco distante dos jogadores, comparando por exemplo com os adeptos de outros clubes como Atlético Madrid, Real Madrid, Athletic Bilbao e Valência). Chegaram até a vestir uma camisola preta com uma mensagem que dizia "deixaremos a pele", no fim do tal jogo do fim-de-semana, contra o Xerez.
O efeito de toda esta antecipação resultou bem. Isto é o objectivo de tornar o Camp Nou no 12º jogador. Nunca vi este estádio tão animado e crente, com o um apoio constante à equipa, mesmo que aos quase 80 minutos ainda faltassem 2 golos. Mas não foi suficiente.
O jogo resume-se ao dominio completo do Barça em posse de bola (superior a 70%), mas sem grandes oportunidades de golo. Antes de Piqué conseguir bater Julio César, apenas houve dois lances perigosos. Um remate de Messi à entrada da área (excelente defesa de Julio César) e um cabeceamento de Bojan (que passou a 2 palmos do poste).
A forma como decorreu o jogo teve o seu momento decisivo por volta dos 30 minutos, quando Motta foi expulso, após um mergulho indecente de Busquets. Se o Inter atacou pouco até então, a partir daqui simplesmente abdicou de passar o meio campo. Foi a desculpa perfeita para não ter de arriscar nada de nada. Simplesmente jogou com 10 nos últimos 30 metros, ou seja utilizou a nada inovadora técnica do autocarro (autobus em italiano).
O golo de Piqué, a 10 minutos do fim, deu esperança aos actuais campeões europeus, e o Inter perdeu o equilibrio (tanto pelo cansaço fisico, como pelo cansaço mental), tremendo um pouco nos minutos finais, mas o resultado não alterou-se.
Pode-se dizer que perdeu o Barça, mas também perdeu o futebol. É legitimo jogar como o Inter jogou. Mas não apaixona ninguém e contribui muito pouco para o futebol. Por exemplo caso o Inter tivesse perdido a eliminatória jogando assim, os tiffosi italianos teriam dito que a equipa não joga nada e até insultado Mourinho e todos os adeptos neutros diriam que o resultado foi justo pois teria ganho a eliminatória a equipa que quis ganhar atacando, assumindo o jogo. Neste caso, foi eliminado o Barça mas os seus adeptos estão orgulhosos da sua equipa, pois deu tudo o que tinha, foi fiel ao seu jogo e mostrou claramente quem é a melhor equipa. Os adeptos neutros, na sua maioria, ficaram desiludidos com a equipa que passou à final e continuam a admirar o Barça.
Com este resultado, Mourinho passou definitivamente Figo na lista dos mais odiados em Barcelona. E nem quero pensar no que irá acontecer caso o setubalense vá treinar o Real Madrid.
Inacreditável o boicote feito aos festejos do Inter. Primeiro Valdés atira-se a Mourinho, por pensar que este estava a provocar o público. O português estava apenas a festejar com os 5.000 italianos que estavam nas bancadas. Segundo, a vergonhosa atitude de ligar a rega automática do campo, enquanto os interistas ainda estavam a festejar, numa clara tentativa de os expulsar do campo. Não sei se foi algum dirigente que teve esta brilhante ideia, ou se foi o tratador da relva, mas que foi de um mau perder indigno, isso foi. Claro que depois de 90 minutos daqueles, até deve ter sabido bem aquela água, mas não deixa de ser lamentável.
Na final irão encontrar-se dois velhos conhecidos. Mourinho foi adjunto de Van Gaal 2 ou 3 anos. Como curiosidade adicional, um dos dois vai ser o terceiro treinador a ganhar a champions por 2 clubes diferentes. Favorito? Nenhum. É uma de 50%-50%.
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